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Legislativo - 20 de setembro de 2024
Foto: Reprodução/Internet

Eduardo Braga, principal apoiador de David Almeida, é indiciado pela PF por corrupção

Relatório da PF diz que empresa pagou R$ 20 milhões em propina ao senador do AM e mais dois políticos

Por: Redação
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Se antes o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), escondia o senador Eduardo Braga (MDB), da propaganda política e do palanque, agora, depois do indiciamento do parlamentar pela Polícia Federal nos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa, David vai negar até que o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), presidido por Braga no Amazonas, não integra a sua coligação no pleito 2024.

Eduardo Braga é considerado um dos maiores apoiadores da gestão de David Almeida, ao lado do senador Omar Aziz (PSD), e do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no Congresso Nacional.

Além de Braga, foram indiciados o senador Renan Calheiros (MDB-AL) e ex-senador Romero Jucá (MDB-RR). De acordo com reportagem do UOL, Eduardo Braga e os demais indiciados são acusados de, em troca de pagamentos de propina, atuarem para favorecer no Congresso Nacional o antigo grupo Hypermarcas, atual Hypera Pharma, do ramo farmacêutico.

Após seis anos de tramitação, o relatório final do inquérito foi enviado pela Polícia Federal no mês passado ao Supremo Tribunal Federal (STF), sob sigilo. O relator do processo, ministro Edson Fachin, encaminhou o material à Procuradoria-Geral da República (PRF). A equipe do procurador-geral, Paulo Gonet, está analisando o material para decidir se apresenta denúncia contra os senadores.

A reportagem citou que o relatório final do inquérito diz que a antiga Hypermarcas pagou cerca de R$ 20 milhões para os senadores, por intermédio do empresário Milton Lyra, também indiciado, que foi apontado pela PF como lobista intermediário do MDB.

Em contrapartida, os senadores teriam atuado em favor da Hypermarcas em um projeto de lei que tramitou no Senado nos anos de 2014 e 2015 sobre incentivos fiscais a empresas. A PF ainda aponta que o senador Renan indicou um nome para a diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com o objetivo de auxiliar nos interesses do grupo empresarial dentro da agência.

Esse inquérito é um desdobramento da Operação Lava Jato e havia sido aberto em 2018, a partir da delação premiada de Nelson Mello, à época um dos diretores da antiga Hypermarcas. Ele admitiu que firmou contratos fictícios com empresas indicadas por Milton Lyra, sem prestação de serviços, com o objetivo de repassar os valores aos políticos.

David Almeida esconde Eduardo Braga

Desde o início da propaganda eleitoral no rádio e na TV no dia 30 de agosto, o prefeito David Almeida (Avante) esconde desesperadamente o amigo e principal apoiador, senador Eduardo Braga (MDB), do horário eleitoral.

O motivo, nos bastidores de campanha do atual prefeito, é o alto índice de rejeição do parlamentar em Manaus.

Braga é defensor de primeira ordem do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e considerado “raposa velha” pela influência no governo do petista, em Brasília (DF).

David optou por não utilizar a imagem de Eduardo Braga, cuja amizade é desde o tempo que o prefeito trabalhava no grupo empresarial de Braga, no seu programa eleitoral com o tempo de 1 minuto e 30 segundos para evitar ainda mais queda nas pesquisas de intenção de voto. O partido de Braga, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e um dos cinco partidos que integra a coligação “Avante, Manaus”.

Rejeição

David prefere não utilizar o discurso do amigo e aliado em razão da grande rejeição que o eleitorado manauara tem pelo senador desde as Eleições de 2014.

Na época, o senador estava no ápice das delações de empresários presos na Operação Lava Jato, os quais denunciaram Braga por receber propina durante a execução de obras da Arena da Amazônia e da Ponte Phillipe Daou (Rio Negro). Agora, Braga é citado por receber R$ 20 milhões em propina da antiga empresa Hypermarcas.

De lá para cá, Braga amarga derrotas em Manaus e a grande rejeição do manauara em relação ao seu nome. Isto explica o desaparecimento do senador na propaganda política de David Almeida nos veículos de comunicação.

A rejeição do manauara por Braga soma-se à rejeição do presidente Lula em Manaus. Pesquisas apontam que o ex-presidente Jair Bolsonaro é o predileto do eleitor, ficando com uma aprovação de quase 60% nas avaliações. Já Lula, amarga os 40% de aprovação.

Cortina da história

Além de Eduardo Braga, David conta o apoio irrestrito do senador Omar Aziz (PSD). O prefeito disse em 2020, 2021 e 2022, que iria apagar os “caciques políticos da história do Amazonas”. Mas em 2023, David se rendeu aos “velhos caciques” Eduardo Braga e Omar Aziz.

Em 2020, em entrevista à Folha de São Paulo, durante as eleições para a Prefeitura de Manaus, onde enfrentava o falecido ex-governador Amazonino Mendes, David afirmou naquela eleição que “a cortina da história política do Amazonas se fecha para uma geração chamada caciques, que já tiveram todas as oportunidades de mudar o estado e a cidade de Manaus e não o fizeram”.

Já em outubro de 2021, mais uma vez David Almeida relembrou que seguiria fechando “aposentando os caciques”. “Nós vamos continuar fechando a cortina da história para uma geração que já teve tempo, dinheiro e apoio político para mudar esse estado. E não mudou”, disse David.

Sem prever o futuro em que seria “laçado pela própria língua”, David, durante as eleições de 2022, bradou novamente: “Estamos a ponto de fechar a cortina da história para uma geração que teve todo tempo, dinheiro e apoio político para resolver os problemas do Amazonas. Agora em 2022, estamos prestes a fechar definitivamente essa cortina para que uma nova geração se consolide”, discursou o prefeito.

O tempo passou, a cortina se abriu novamente, e David abriu os braços para os velhos caciques que tanto criticou.

Leia a reportagem aqui.

Resposta do advogado Fabiano Silveira, da defesa de Braga 

[Trata-se de ilações esdrúxulas sem amparo nos elementos constantes do próprio inquérito. Há evidências claríssimas de que o parlamentar não manteve contato com o delator, que, além de mudar sua versão 4 anos depois, baseia suas declarações em mero “ouvir dizer”. Não tenho dúvidas de que inquérito será arquivado. Triste, porém, é ver mais um episódio de vazamento ilegal.]

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