O alvo dessa campanha de desestabilização é a transição na gestão do Complexo Hospitalar Sul do Amazonas, formado pelo Pronto-Socorro 28 de Agosto e pelo Instituto Mulher Dona Lindu
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Nos últimos dias, uma série de denúncias sobre o “caos na saúde” no Amazonas ganhou repercussão, destacando uma suposta crise nas unidades de saúde geridas pelo governo estadual. No entanto, por trás dessas acusações, começa a emergir um esquema milionário, impulsionado por interesses financeiros de empresas médicas que, ao longo dos anos, receberam grandes somas de dinheiro público e agora se manifestam apenas quando seus pagamentos estão atrasados. O alvo dessa campanha de desestabilização é a transição na gestão do Complexo Hospitalar Sul do Amazonas, formado pelo Pronto-Socorro 28 de Agosto e pelo Instituto Mulher Dona Lindu.
Em 1º de dezembro, a Organização Social de Saúde (OSS) Inovação e Resultados em Saúde (Agir) assumiu a administração desses hospitais com o objetivo de reduzir o custo mensal dos dois complexos e ampliar o número de cirurgias ortopédicas. No entanto, logo após a transição, surgiram denúncias, principalmente por parte de médicos ligados ao Instituto de Traumato-Ortopedia do Amazonas (ITO-AM) e ao Instituto de Cirurgia do Estado do Amazonas (ICEA), empresas médicas que recebem milhões de reais do governo e que, conforme revelações obtidas pela Cenarium, buscam reverter o processo de mudança para manter o controle sobre os serviços e os pagamentos.
Entre os ataques, destaca-se a alegação de salários atrasados, uma mentira estratégica, pois o governo estadual não mantém contrato direto com médicos, mas sim com empresas médicas. O que está sendo questionado, portanto, são os repasses financeiros para as organizações e não os pagamentos individuais aos profissionais. O comportamento dessas empresas e suas lideranças sugere que a principal preocupação não é a qualidade do atendimento, mas sim os interesses financeiros vinculados aos contratos milionários com o governo.
Um dos principais articuladores dessa campanha é o presidente do Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CRM-AM), Amarildo Brito, sócio do ITO-AM, que já recebeu R$ 59,8 milhões este ano da Secretaria de Saúde do Amazonas. Outro apoio vem de Mario Rubens Macedo Vianna, presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas e sócio do ICEA, que recebeu R$ 61,1 milhões em 2024. Essas empresas têm um longo histórico de contratos vultosos com o estado, e é justamente quando os pagamentos ficam atrasados que surgem as denúncias de desassistência e caos nos hospitais.
O comportamento das empresas médicas e de seus representantes não esconde um interesse claro em manter seus lucros com o governo. Médicos ligados ao ITO-AM, por exemplo, usaram grupos de WhatsApp para orientar o direcionamento de pacientes para o Hospital 28 de Agosto, em um claro movimento para superlotar a unidade e gerar a impressão de caos. Em mensagens obtidas pela Cenarium, médicos sugerem que, no dia 23 de dezembro, véspera de Natal, haveria uma paralisação para forçar o governo a manter contratos com cooperativas médicas.
Em resposta às acusações, a diretora-executiva do ITO-AM, Anna Hoagen, minimizou as críticas e afirmou que o direcionamento de pacientes seria uma escolha dos próprios pacientes, e não uma manobra deliberada. No entanto, as informações obtidas indicam que os médicos têm, de fato, instruído os pacientes a se deslocarem por distâncias maiores, quando poderiam ser atendidos em unidades mais próximas, apenas para garantir um fluxo maior no 28 de Agosto e gerar a sensação de superlotação.
Essas ações são um reflexo claro dos interesses financeiros que estão por trás das campanhas de desestabilização da gestão pública. As críticas, na maioria das vezes, estão vinculadas aos atrasos nos pagamentos de empresas como o ITO-AM e o ICEA, que se beneficiam com contratos bilionários do governo. Não há uma preocupação genuína com a melhoria do atendimento ou com a saúde da população, mas sim com a manutenção dos altos lucros provenientes desses contratos.
Esse cenário revela uma disputa de poder e recursos no setor da saúde pública no Amazonas, em que a população e o serviço de saúde são utilizados como peças de negociação em um jogo de interesses financeiros.
As informações para esta matéria são da Revista Cenarium.
Leia mais: Durante fiscalização no Complexo Hospitalar Sul, CRM-AM não encontra indícios de falta de médicos
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